quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

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O Sr. Pablo era um fanático do Feng Shui. Todos os anos, e de acordo com a mudança do ano chinesa, ele alterava a sua residência em Paris: uma parede que estava pintada de azul ele pintava de amarelo. Outra que estava pintada de preto ele pintava de rosa. No lugar antes ocupado por um quarto estava agora uma casa-de-banho e no lugar da cozinha estava um atelier. A própria cama, no quarto, já tinha mudado várias vezes de sítio: ora estava virada para sul como para norte, para noroeste como para sudeste. E havia vários objectos espalhados estrategicamente pela casa: moedas, flores, pão, velas... que, ciclicamente, também iam mudando de lugar. Um dia, depois de perceber que, afinal, a sua sorte, fortuna, destino e saúde não se modificavam grande coisa com tudo isto, começou a aplicar o Feng Shui à sua arte e a pintar quadros em que os braços tomavam o lugar da cabeça, os olhos o lugar da boca, a jarra o lugar do espelho e os joelhos o lugar dos mamilos. O Sr. Pablo ficou rico.

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