Fosse devido aos materiais tóxicos que manuseavam diariamente, às emissões de azoto que as chaminés estavam sempre a lançar, poluindo toda a atmosfera à volta, ou até a alguma comida estragada que tivessem ingerido na cantina, fosse lá pelo que fosse, a verdade é que todos os trabalhadores daquela fábrica começaram a sentir uma enorme vontade de se coçar. E fizeram logo uma longa lista de diagnósticos possíveis: «É sarna», disse o Gonçalves. «Não, não... É psoríase», acrescentou o Teixeira. Já o Lopes, que tinha um ar mais sabichão, avançou: «Nada disso! É mas é zona, devido ao stress acumulado». «Ora, isto não passa de uma simples urticária ou de uma micosezita mal curada», concluiu o Antunes, que era mais terra-a-terra. Por sua vez, e vendo que desta foma espontânea e mal organizada não conseguiam resolver o problema, o experiente Silva sugeriu a criação de uma verdadeira Comichão de Trabalhadores.
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