quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

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Um Lobisomem, um Vampiro, um Zombie e um Fantasma reuniram-se no cemitério para discutir qual deles era, definitivamente, o ser (ou não-ser) mais famoso de todos e qual deles infligia maior terror junto das crianças. O Lobisomem avançou logo com a História em sua defesa: «Já desde a Grécia clássica que os da minha espécie aterrorizam gerações. Lobisomem sou, com muito orgulho, e sempre que é noite de Lua cheia, tremam humanos e não-humanos que o meu uivo ouvirem, que é noite do licantropo sair à rua!». O Vampiro, por sua vez, disse, com um sorriso perfeito: «Mas o que é isso comparado com os feitos dos da minha espécie? Haverá algum dos vossos que se iguale em fama e terror a Drácula, o maior de entre todos nós e um modelo que tentamos imitar?». Rindo com todos os dentes que ainda lhe restavam - três, aproximadamente -, o Zombie carregou no play do seu telecomando e, sem palavras, mostrou o teledisco de «Thriller», de Michael Jackson. Depois, com as roupas andrajosas a roçagarem a laje fria de uma lápide e enquanto lhe caía mais um dente, fez uma grande e irónica vénia aos outros. Já o Fantasma, sacudindo bruscamente o lençol, argumentou com voz fria: «Pffff, mas isso não é nada quando se pensa no número de casas assombradas que existem em todo o mundo. Até a Torre de Londres e a Casa Branca, onde costuma aparecer o meu compincha Abraham Lincoln, têm os seus fantasmas de estimação!». A Maddie, o Rui Pedro e a Joana que, por acaso, andavam por ali a brincar aos médicos, às casinhas e à cabra-cega ouviram os outros com muita atenção, sorriram timidamente e, depois, lá voltaram aos seus jogos infantis.

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