quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

44


Os mantras circulares e repetitivos, dir-se-ia hipnóticos, entoados por todas as vozes reunidas no jardim central do ashram davam à cena um aspecto de paz e tranquilidade absolutas. Ao longe, ouviam-se os sons melódicos de uma sitar, umas tablas e uma tambura. E só o zumbido de algumas moscas criavam alguma dissonância naquele ambiente mágico, tão próximo da transcendência, do Moksha, daquilo a que outros chamariam Nirvana. O velho guru observava, enlevado, os seus discípulos quando um grão de pimenta que, por acaso, passava por ali o fez espirrar violentamente: «Atchim!». «Santinho», disse um dos discípulos. «Ainda não», ripostou o guru, com humildade.

Sem comentários:

Enviar um comentário