quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

05


O José Maria e a Maria José conheceram-se na faculdade. Fulminados por uma paixão incontrolável, casaram ao fim de alguns meses. Eram, para todos os efeitos, almas-gémeas. E a quase coincidência de nomes era apenas mais alguma coisa em comum, entre muitas outras, que os dois partilhavam: gostavam dos mesmos escritores, dos mesmos grupos musicais, dos mesmos filmes, da mesma comida, dos mesmos passeios... Casal mais maravilhoso e apaixonado não havia. Até mesmo no sexo, o José Maria e a Maria José complemetavam-se perfeitamente, parecendo sempre o espelho um do outro. «Gostaste, Maria José?». «Gostei muito! E tu, José Maria?». «Eu também, Maria José. Tanto!». E a seguir adormeciam abraçados, cada um imerso nos sonhos do outro. Mas, certa manhã, a Maria José acordou com uma vontade súbita e incontrolável de mudar de sexo: «Se o José Maria gosta tanto de fazer amor comigo, eu quero sentir ainda mais o que ele sente...». E assim foi: alguns dias depois, a Maria José apareceu em casa sem maminhas, já com alguns pêlos nas pernas e munida de um belo margalho. «Que é lá isso, Maria José? Então agora tu és gajo como eu?», espantou-se José Maria. «Fiz isto por amor», ripostou Maria José, «quero, assim, sentir ainda mais o que tu sentes». Espantado com mais esta, e extrema, prova de amor, José Maria acabou por aceitar a troca de sexo da mulher e como, secretamente, até gostava mais de sexo anal do que do sexo comum, lá se habituou à nova condição da Maria José. Isto, apesar da ausência de mamas, dos pêlos crescentes - até um belo bigode começava a enfeitar o lábio superior da esposa! - e, acima de tudo, daquele penduricalho que agora aparecia no lugar da vulva fofa e macia de que ele tanto tinha gostado. Passado um ano, e já completamente adaptado à sua nova realidade, José Maria decidiu fazer uma surpresa a Maria José: também ele mudou de sexo. Nesse dia, José Maria irrompeu pela porta de casa dentro transformado numa loira estonteante, com um par de seios descomunal, completamente depilado e um bonito, sedoso e lascivo delta cavado no meio das pernas. «Que é lá isso, José Maria? Então agora tu já não és gajo como eu?», espantou-se Maria José. «Fiz isto por amor», ripostou José Maria, «quero, assim, sentir ainda mais o que tu sentes». Dito isto, Maria José atirou-se para cima de José Maria e penetrou-o logo ali, com amor e sofreguidão. Doeu um bocadinho; mas a vida é mesmo assim.

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