quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

02


Um charro, uma linha de coca, uma seringa com heroína e uma pastilha cor-de-rosa com um bonito smiley em baixo-relevo encontraram-se, certa noite, na casa-de-banho do Lux. «Eh, eh, eh... hoje estou que nem posso; tenho cá uma fomeca... Eh, eh, eh...», disse o charro, com a voz ligeiramente entaramelada e deixando no ar um doce e vago odor a maresia. «Deixem passar! Deixem passar!! Deixem passar!!!», gritou a linha de coca, aceleradíssima e com os olhos brilhantes de luz e de génio. «Hiiiiiiii, que coisa esquisita! Vocês não vão acreditar mas, hiiiiiii...., está uma enorme barata de cor violeta fluorescente a sair, agora mesmo, do cano do bidé, hiiiiiiiiii...», exclamou a seringa, esgazeada. A pastilha, que tinha estado muito calada até então, levantou-se e começou logo a dar beijos húmidos aos outros, enquanto lhes fazia juras de amor eterno e sugestões eróticas verdadeiramente imaginativas. Pé ante pé, uma garrafa de whisky J&B que, por acaso, passava por ali a caminho dos urinóis, olhou para a cena e disse, entre dois ou três arrotos mas com um sotaque escocês perfeito: «Disgusting!».

Sem comentários:

Enviar um comentário