
Durante os muitos anos em que exerceu, este dentista era bastante apreciado pelos seus pacientes. Era especialmente carinhoso com as crianças, raramente infligia dor ao arrancar um dente e até as picadas da anestesia eram dadas com um tal cuidado que gengiva alguma jamais as sentiu. Milhares - talvez milhões - de caninos, incisivos e molares pereceram alegremente às suas mãos. Agora, aposentado e já com uma certa idade, essas mãos tremiam-lhe, tinha alguma dificuldade em falar e grandes lapsos de memória. Certo dia, uma antiga doente cruzou-se com ele na rua e perguntou-lhe alegremente: «Então, doutor, não se lembra de mim?». O velho dentista olhou-a bem no rosto - mais propriamente na zona dos maxilares - e respondeu: «Sim, de facto, a sua cárie não me é desconhecida».
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